sábado, 26 de novembro de 2011

Cansado Estranho Amor

Era com a voz desgastada que ele falava de Amor.


Falhou.


Ouvia-se muito pouco do que dizia, sequer era compreendido.
Era cansado, sonolento e com dor nas costas que ele dizia "eu te amo", de braços (cansados) quase abertos, quase como quem esmola poder dar. Tinha algo a oferecer, embora todos dissessem que não. 


Era de voz cansada e com joelhos doloridos que falava desse seu estranho amor, o paradoxo pouco pedinte que de tudo precisa. Enquanto vivia de Amor, refletia essa sua estranheza e quando falava, só fazia apresentar, em grego, suas razões à periferias semi-analfabetas.


Rememora! Rememora o Amor que sentes e anamneticamente apenas sinta e seja, seja como sentes, simplesmente estranho assim, pois já se cansa, pára e precocemente envelhece o mundo, abarrotado de racionalismos enrijecentes.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre a Escuridão...

Hoje a morte me encara...
Todos os dias, na verdade.
Seja numa esquina, num sinal, numa janela…
Lá está ela…
Hoje, posso perder o rumo dos meus pensamentos, e viajar pro mundo de mim mesmo, onde nada faz sentido e tudo faz sofrer ou rir…
Hoje, serei mais uma vez embriagado pela noite,  levado a novos lugares e mantido no meu tédio rotineiro…


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Perspectiva


Amigo, não vês que, não fosse a escuridão da noite, não admirarias o brilho da lua nem verias teu futuro nas estrelas?
Na verdade a noite é passageira como a vida e há de findar-se até que não haja mais e tudo seja eternamente claro.
Mas veja, meu caro: podes dizer que a noite é cruel pois não lhe permite olhar por si, ver o caminho e não tropeçar?
Queres opinar de acordo com a conveniência do momento.
Olhes mais uma vez para o alto e, se continuares a pensar assim, chamarás o sol de inimigo cruel, pois te impede de ser arrebatado pelo brilho eterno dos astros.
Aprende então que tudo passa, aprende a viver pelos momentos. Seja o fim agora e não algo a concluir-se amanhã.
Olhas para trás e choras. Mas te digo, irmão: ergue a cabeça, olha para o céu e confere nas estrelas teu destino já traçado: Não fossem tuas quedas passadas não terias te tornado o que és hoje.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Escuridão


É bom não poder me ver nesse reflexo.
Nesse quarto escuro só o monitor me encara, sério, sem novidades. Cursor ansioso. Pisca, Pisca, Pisca, Pisca...Não ajuda em nada. Cada espaço em branco apaga uma memória minha.
Dou meu terceiro trago no meu último cigarro barato. Tusso. Bebo. Já perdi a conta das das doses. É Uísque vagabundo, aguado. Calor dos infernos.
Relógio, 02:17h.
Olhei a janela há cinco minutos. Não tinha lua. Podia jurar a tinha visto há dois minutos.
Mas ainda há estrelas.
Insight, vou escrever! Olhei o cursor, droga!
1, 2, 3, 4, 5...Ele continua piscando.
Virei pra janela, vi uma estrela linda. Pisquei. Escuro. Eu podia jurar que havia uma estrela alí.
1, 2, 3, 4, 5...Juro que as estrelas estão se apagando. É o fim, fechemos nossos olhos e entreguemo-nos à escuridão. Agora é tarde.

Acho que eu bebi demais.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Utopia: Caminho de falência


Existir é um negócio interessante, estranho. Você se afirma como ser existente por pequenas constâncias  (se eu te perguntar você não vai saber responder quais são com precisão) e todo o resto é inconstância. Não sabemos quem somos, o que queremos, nossas vontades explodem dentro de nós para desaparecerem segundos depois.

Acredito que a dificuldade do homem (humanidade) em encontrar sua felicidade está em criar dentro de si a utopia da vida perfeita.  “Quando eu me formar, conseguir um bom emprego, comprar um carro e encontrar a mulher (ou homem) ideal, minha vida será perfeita”. Me conduzo constantemente ao extremo oposto e digo: NÃO VAI!

Veja: Desde a queda não há qualquer plenitude na humanidade, não há o momento em que se diga “sou completo”. Bem, na verdade, só há momentos e depois somos soterrados por vontades, anseios e mais inúmeras fomes da alma. E mesmo com a presença da divindade, o apóstolo nos assegura que o Espírito guerreia constantamente contra a carne, que se a nossa esperança toda se manifesta apenas a respeito desta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Não há plenitude aqui. Lewis já disse em seu “O problema do sofrimento” que nós temos saudades de um lugar que nunca conhecemos. Somos cheios de anseios, crises e repreensões a respeito de nós mesmos, atuamos o tempo inteiro diante das outras pessoas, maquiamos nossos traumas, medos, feridas, insatisfações e tentamos viver uma vida “normal” (Coisa que não existe).
Então, começamos a acreditar que nossa maquiagem são o nosso rosto de verdade, nosso personagem torna-se nós mesmos. Passamos a acreditar em nossas próprias mentiras.
Pausa. Somos indivíduos cheios de orgulho, queremos o tempo inteiro ser melhores que o outro e por isso nos afirmamos. Como nosso eu original é por demais imperfeito nós criamos esses “belíssimos” personagens.

De volta. A verdadeira perfeição só se dará futuramente, após a ressurreição (Sem discussões a esse respeito, não quero que isso vire um tratado teológico).  Esse é o anseio da nossa alma, o fim da imperfeição, e temos esse anseio porque há em nós uma essência de Deus, que nos faz, inconscientemente, ansiar essa plenitude.

Acontece que somos ansiosos, não gostamos de esperar e queremos antecipar a perfeição, queremos que ela se manifeste na nossa vida agora. Nasce assim a utopia. Queremos uma vida de flores e aventuras ao lado do nosso par ideal para depois morrermos satisfeitos por termos feito tudo o que quisemos fazer. Aqui nasce a infelicidade, quando achamos que encontraremos a satisfação num caminho sem pedras, espinhos e lama. O caminho da vida é assim. Mesmo a presença divina não nos tira dele, apenas nos ensina a caminhar.

É quando esquecemos nossas utopias, nossos ideais de felicidade, que começamos a viver de verdade. A beleza da vida encontra-se nas manifestações mais cotidianas.

Devemos nos permitir ser surpreendidos a cada momento, devemos nos empolgar com a possibilidade da descoberta, do medo, devemos tocar o sino sem saber o que este sinal trará.
Beijamos os verdadeiros milagres quando aceitamos os desafios.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A verdadeira liberdade


Ouse fazer a qualquer indivíduo comum a seguinte pergunta: “O q       ue é liberdade?” ou “De que maneira você se sentiria livre?”. Não temo em afirmar que, invariavelmente, a resposta obtida será: “Liberdade é fazer o que eu quiser!”, “Eu seria livre se eu pudesse pegar um carro com umas mulheres do lado e rodar por aí, beber, curtir, acordar no dia seguinte e fazer tudo de novo! Aí eu seria livre!”.
Na mente da maioria das pessoas liberdade é poder ser livre daquilo que gera desconforto, que nos força a deixar aquele canto confortável que gostamos de ficar.
Ah, mas se nós pudéssemos, de verdade, fazer tudo aquilo que nos vem à mente, tudo o que desejamos na vida, se nós pudéssemos viver sem qualquer preocupação com o que qualquer outra pessoa vá pensar, aí seríamos de fato livres!
Bem, desculpe-me forçá-lo a sair desse sonho em que você está agora mesmo dentro de sua cabeça, mas coloque novamente seus pés no chão e esqueça completamente esses sonhos a respeito do que você faria se fosse verdadeiramente livre, porque, na verdade, mesmo que haja um mundo possível em que as coisas aconteçam exatamente como foram descritas acima, este mundo estaria longe de ser um mundo livre.
Agora, me acompanhe. Essa liberdade aguardada pela maioria das pessoas é, no mínimo, um veneno pra alma. Creio, na verdade, que esta “liberdade” é mais escravidão do que o seu chefe, sua responsabilidade com os estudos, com a sua casa e etc. Aceitando viver num mundo como esse você só estará mudando os modelos das correntes que te prendem e se lançando num abismo, talvez, mais profundo. Para afirmar o que pretendo neste artigo, proponho mais um desafio: experimente chegar num bar na Lapa, abordar uma pessoa que esteja bebendo e dizer “A partir de agora, não beba mais até você ir embora!” ou experimente convidar um amigo para ir à Lapa sob a condição de não beber nada,ou ainda, tente pedir a alguém pra não beijar mais ninguém até o fim daquela noite. Você ouvirá um “sim” de qualquer uma dessas pessoas? Eu não acredito.
Acontece que encaramos como liberdade tudo aquilo que nos é atraente e que, num cotidiano comum, é tido como desregrado ou até proibido. Isso! Ser livre na cabeça de algumas pessoas é poder fazer aquilo que é proibido e enquanto pensam assim, enrolam-se em correntes mais e mais destrutivas.
Eis o que estou tentando expôr: Liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas sim não fazer tudo aquilo que não se quer. Então, não somos livres por poder dizer “Sim!” a tudo o que nos instiga à cobiça, sem preocupação, mas é poder dizer “Não!” diante de tudo aquilo que nos instiga essa cobiça.



Aquelas frases dadas em resposta aos desafios que propus são geralmente frases expressas por pessoas que se julgam verdadeiramente livres, a ponto de apontar aquelas pessoas que se abstém de seu modelo de vida como “escravas”. Pessoas assim geralmente são aquelas que não conseguem se divertir numa balada sem encher a cara, pessoas que pra tomar alguma atitude precisam estar sob efeito de algum entorpecente – legal ou não – e pessoas que fazem de sua desgraça motivo de riso pra que, caso ela já tenha se apercebido de sua situação, impedir que os outros percebam sua real condição: é um escravo de seus próprios prazeres. Não pode sair, se divertir e se preencher com sobriedade, precisa de um “aditivo”, qualquer coisa que o fassa sentir alívio.
No dia seguinte pela manhã, logo quando se depara com a ressaca e com seu rosto no espelho, ainda que as palavras não se formem a interrogação está lá. Onde está o sentido? O prazer da noite passada não passou de um anestésico genérico pra aliviar a dor e a única coisa que restou de acompanhante foi a miséria.
Pausa. Essa pessoa é livre? Você é livre?
E nos deparamos com a seguinte declaração: “Se pois o filho vos libertar, verdadeiramente sereis LIVRES!”.
“AI, AINDA BEM QUE EU ME CONVERTI!”
Calma lá, Fariseu! Analise as circunstâncias.
Desafio: Fique em casa. Não se esqueça que hoje é domingo. Vá á praia com sua família, leve seu filho pra rolar na areia, gaste um tempo de intimidade com seu esposo ou esposa, vá visitar sua mãe, sua sogra, seus filhos casados. Vá visitar um asilo, o hospital do câncer. Fique em casa, hoje é domingo, não vá à igreja. Sente-se com os idosos da sua rua, bata um papo, troque sorrisos, mas não vá à igreja. Hoje é domingo.
Juro que posso imaginar alguns pensando: “Não! Hoje, é dia do Senhorrrrr!”ou ainda “HEREGE! VAI PRO INFERNO!”.
Se você pensou assim, se pergunte: “eu sou livre?”
Não somos apenas escravos dos vícios mais comuns como bebida, cigarros ou drogas. Nossos vícios da alma são muito mais profundos e devem ser duplamente vigiados.
Somos viciados em ir à igreja, em tv, em música, em compras e deixamos passar a importância da companhia dos familiares, de não fazer nada entre amigos (ah, Santo ócio da comunhão!).
Depois de toda essa definição, agora somos duramente afrontados por duas palavras: Pecado e Santidade.


Imagine: Você já se converteu, já tomou consciência do seu pecado, já pediu perdão à Deus por ele e, infelizmente, pede perdão a Deus diariamente pela mesma prática. Você sabe lá no fundo, se você entende liberdade da mesma maneira que eu, você sabe que não é livre. Você não consegue dizer não. É difícil demais, gostoso demais, me faz ver estrelas, me tira um peso, nem percebo quando faço, quando vejo já fiz! E consome-se o pecado.
A liberdade falada por Paulo é essa, a de nunca mais pecar?
Eu não acredito. O apóstolo, na carta aos Romanos, escreve que quando quer fazer o bem o mal está alí presente, que quando quer fazer o bem, não o faz, mas faz o mal que ele não quer fazer. Diz também que o pecado está condenado na carne.
João em sua primeira carta também escreve: “Aquele que diz que não tem pecado se faz mentiroso e o Amor do Pai não está nele.”.
Não podemos ser Santos. O que faremos? estamos perdidos, afinal, não conseguimos viver sem pecado.
MISERÁVEIS HUMANOS QUE SOMOS, QUEM PODERÁ NOS LIVRAR DESTE CORPO DE MORTE?
E, singelamente, o Espírito Santo nos responde: “Graças a Deus por Jesus Cristo!”.
E o Apóstolo amado, nos diz: “Filhinhos, peço-vos que não pequeis. Se todavia alguém pegar, temos um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo!”.
Não acredite nos carrascos da Fé, que tentam nos enfiar em suas igrejas e nos “ganhar para Cristo” pelo medo.
A verdadeira liberdade é a do não querer, como a que Paulo identificava quando dizia “O bem que quero fazer este não faço, mas o mal que não quero, este faço.”
Verdadeiramente livres são aqueles que reconhecem em si o pecado, a queda e suas más ações, clama, batendo em seu peito: “Tem misericórdia de mim, Senhor!”.
Tenho certeza que este é aquele justificado, liberto pelo filho e, portanto, verdadeiramente livre, pois, apesar de encontrar em sua carne o pecado, encontra em seu coração o anseio pelo Pai.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A redenção da indiferença


Não vou mais lutar contra o Tempo. Me recuso a guerrear!
Na verdade, preocupação demais com a velocidade da vida é dar muito ibope àquele que simplesmente passa sem observar-nos, tal qual deus mitológico, dado apenas a seus próprios interesses.
Não. Hoje, pra mim, o Tempo morre. Abrirei mão dos meus conceitos e pagá-lo-ei com a mesma moeda.
Não me quer envolvido ativamente em teus negócios? Ok.
Hoje morre o Tempo, afogado em minha indiferença.
Ei de viver a vida em ritmo personalizado, sem guerras quixotescas contra deuses indiferentes.
Vou viver o pedaço de eternidade que há em mim e quando esta chegar em sua totalidade, o tempo será apenas passado.