sábado, 2 de março de 2013

Cotidiano


E olha que eu já quis cantar tantas canções sobre tudo dentro de mim, que até perdi a conta.
Sabe, te cantei tudo o que podia e tudo o que sabia e tudo o que eu me exigia. Era só pra você, só pra esse olhar tão penetrante.

Sabe, essa tua expectativa sempre me violou. Não me julgue pelos meus sonhos, eles são apenas meios, instantes ocasionais. Importa o fim e o fim é despretensioso. Quero sentar no sofá, te olhar na cozinha, pegar a criança no colo, de tarde coar o café e te dar um beijo despretensioso, embalados pelo cheiro do café no ar.

Quero massagear seus pés à noite, depois de um dia inteiro de trabalho, tomando vinho tinto, ouvindo Coltrane. Te puxar pelos tornozelos, ser abraçado pelas suas pernas, te beijar com as mãos na sua nuca e te olhar nos olhos enquanto os narizes se tocam.

É cotidiano, despretensioso. Tem bafo, chulé, stress, tpm, individualidade, defeito, diferença, vc querendo ver a novela e eu querendo tocar violão. Eu querendo começar a ver Arquivo X e você viciada na terceira temporada de ER.
Tem eu e vocë orando juntos depois de uma conversa acidental sobre a plenitude do Espírito, com fotos nossas do inverno em Copenhagen.

É a gente assim, cotidiano. Tão despretensioso que parece ideal demais.

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