terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fé e Razão


Há um certo fanatismo a respeito da Razão. Da Fé também. São maiúsculos mesmo, não se assuste! Pra mim, são indivíduos numa guerra que não lhes pertence.
            E quem foi que determinou que os dois trilhariam o mesmo caminho?
            Ter uma vida de Fé não quer dizer viver pensando nela e compreendê-la. Aliás, o apóstolo nos aconselha a abandonar a Razão no que tange à vida na Fé. Veja: “Pois vivemos por fé e não pelo que nos é possível ver.”
            Ora, agir baseado no que se vê é justamente a coisa mais racional a se fazer. Andar por um caminho é cuidar com os buracos, galhos, curvas, desfiladeiros e desvios. Isso só se faz por meio da visão. Agora, fechar os olhos e se permitir guiar por algo que já, naturalmente, não se vê!? Esse é o ponto da Fé.
            Essa discussão é um tanto paradoxal. Afinal, não há como negar que os dois devem conviver dentro de nós, mas, daí a dizer que Devem andar juntos? Não acredito que trilhem o mesmo caminho.
            A Razão, por sua vez, abrange tudo aquilo que diz respeito à vida cotidiana. Pensar logo de manhã em comprar pão ou comer o de forma, tomar café ou leite, sair da cama ou não, se vale a pena trabalhar, se vale a pena viver ou se perguntar o que Jesus ou Sócrates (os mais radicais podem pensar Nietzsche sem constrangimento) fariam naquele instante, abrangem o uso da razão.
            Bem, na Fé Deus é o criador da Razão. Eis o porque de tomarem caminhos distintos: pra quem tem Fé a Razão é obra do Divino no homem e pra quem crê (sim, não é a mesma coisa que Fé) na Razão “pura”, não há necessidade da Fé. Ponto. Não há qualquer discussão plausível aqui.
            A Razão é o guia característico racional do homem. Nossos mais superficiais instintos de sobrevivencia recorrem a ele.
            A Fé é a manifestação da certeza irracional gerada de dentro pra fora pelo Espírito Santo no indivíduo que reconhece sua necessidade de relacionar-se com o Criador.
            A razão preserva a vida pelo instinto de sobrevivência.
            A Fé faz-nos ver que estamos mortos e move-nos à busca da ressurreição.
            Só.

4 comentários:

  1. Matheus,

    Achei brilhante, tanto a exposição da idéia, quanto a conclusão.

    Exemplo de Razão como guia racional do homem, orientando seus instintos de sobrevivência: a razão lhe diz que, se você pegar uma faca e cravá-la no seu peito, você morre. A fé não vai interferir aí, dizendo "vai fundo que é miragem!". Mesmo que tente, a razão se sobrepõe a fé, nessa situação.

    Exemplo de Fé como manifestação da certeza irracional gerada de dentro pra fora pelo Espírito Santo no indivíduo que reconhece sua necessidade de relacionar-se com o Criador: "Levante-se, saia da sua casa e da sua parentela, e vá para o lugar que lhe mostrarei depois!". A razão tenta se sobrepor à fé, nesta situação, com diversos argumentos racionais. Mas o Espírito Santo convence nosso próprio espírito de que essa é a única forma de se chegar a Deus. Então, a fé se sobrepõe à razão.

    Abração e muita Paz! Que bom que você resolveu tornar públicas as respostas aos questionamentos!

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